Arquivo da categoria: Música Erudita

Baobá Stereo Club + M. Takara (2013)

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cover

Lado A:
1 Abre Caminho
2. Grappa
3. Goeldi

LadoB:
1. Adeus (Fidel)
2. Para Moacir

Os paulistanos no Baobá Stereo Club inicaram sua história em 2008, primeiramente como duo guitarra e bateria, e lançando no mesmo ano seu primeiro registro fonográfico, um EP homônimo muito elogiado a época pela crítica. Posteriormente à esse EP ,o duo virou  trio com a entrada do piano em sua formação e lançou  seu segundo trabalho, o disco Álbum de 2010. Baobá Stereo Club + M. Takara é o terceiro registro, e pra esse o trio virou quarteto com a entrada de Maurício Takara (já com notável trabalho  sobre a alcunha de M. Takara, às vezes solo,ora em trio (M. Takara3) além de tocar no Hurtmold, São Paulo Underground e Marcelo Camelo).

Os quatro antes da existência da banda já haviam realizado parcerias, além de no primeiro EP dos paulistanos ter um remix de Takara. Nesse contexto todo, em 2012 o “Baobá” fez uma temporada de shows onde em cada ocasião um músico era convidado, e numa delas Maurício Takara participou, rendendo a ideia do disco conjunto, lançado no 2013. O disco foi lançado digiitalmente e em vinil (por isso o Lado A e Lado B), e conta com cinco faixas que revelam as influências do grupo: música eruditta, jazz, música pop e percussiva. Bateria, guitarra e piano, certeiros na execução do trio, recebem os sintetizadoes e trompete de Maurício Takara pra um diálogo certeiro com a melodia da banda.

Pra ouvir o disco, clique aqui!

 

Cabeças que fazem Cabeças #2 – por Leandro Conejo

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Seguindo os trabalhos de renovação e novos ares do blogue, há cerca de uns 20 dias estreamos a série Cabeças que fazem Cabeças, que consiste em convidar alguém ligado à música de alguma forma, pra falar sobre um disco instrumental de sua preferência.
Pra segunda vez da sessão, convidamos o músico argentino Leandro Conejo, guitarrista que toca numa das bandas argentinas mais brasileiras  da atualidade: o Falsos Conejos, power trio de música moderna, que já lançou dois registros e ano que vem, chega com trabalho novo.
Leandro é amigo há alguns anos e sempre trocamos referências musicas (ou não) quando nos encontramos ou conversamos. Nada mais justo, colocar essas conversas em prática.
Pra vez dele aqui no blogue, foi escolhido um das obras mais fodas da história da música mundial. A grande: A Sagração da Primavera do russo Igor Stravinsky. Lá em 2009, no início dos trabalhos do Boca Fechada, a “Sagração” foi feita mas, como os anos passam, e a memória é curta, ela aparece aqui novamente, escancarada minuciosamente pelo belo relato de Leandro Conejo.
Vamos a ela, então!:

A Sagração da Primavera (1913) – Igor Stravinski – por Orquesta Nacional de Gales BBC, dirigida por David Atherton

RiteofSpringDancers

A Sagração da Primavera (original em francês , Le Sacre du printemps ) é um obra em dois atos (L’ adoração de la terre e Le sacrifício)), com música do compositor russo Igor Stravinsky e coreografia de Vaslav Nijinsky . É uma das obras mais revolucionárias da história da música clássica, por suas inovações em harmonia , ritmo e timbre . Foi realizado pela primeira vez em Paris em 29 de maio de 1913.

Na minha opinião , este trabalho é o início da época musical em que vivemos . É como um dossiê que apresenta as várias caminhos que a música transitou ao longo dos próximos 100 anos.

Digo isto pensando em dois planos diferentes . A mais óbvia e concreta , que é a influência sobre os compositores que ouviram o trabalho, tanto acadêmicos, populares de vários gêneros como jazz (Charlie Parker e Miles Davis), no Rock  (Jimi Hendrix) e Tom Jobim. Em outro nível, mais subjetivo e menos óbvio (que veio com base unicamente em conjecturas) , está relacionado com a maneira pela qual as principais características deste trabalho são refletidas na música que veio depois dele. Talvez isso foi premeditado; um prognóstico de Stravinsky com base nos resultados de uma análise da história da música e aposta posterior sobre os rumos que ela tomaria nos anos seguintes , ou apenas uma coincidência, perceptível por alguém como eu, que tem “o jornal na segunda-feira ” em suas mãos .

Vou destacar três características muito fortes e marcantes :

1: construção e destaque arquitetônico de ritmo e percussão.

2: A alegação da música popular.

3: A busca por novos timbres , alheio aos costumes de cada instrumento.

1 . Sobre o ritmo e percussão

Uma das características mais fortes de ” Consagração” é a importantancia , peso e densidade do ritmo. Até então, a música de tradição escrita, deu mais importância para a melodia e posteriormente a harmonia. O ritmo e seus principais aliados  ( osinstrumentos de percussão) foram relegados a uma função decorativa. Várias passagens da obra de Stravinsky são simplesmente golpes, quase como se fossem uma bateria de rock ou loops de música eletrônica, sem qualquer tipo de conteúdo melódico. Em outras ocasiões, há diálogo entre os diferentes grupos da orquestra, nesse diálogo, cada grupo toca uma frase curta soa isolado ou uma nota só, porém são extremamente valiosos quando todas essas frases se juntam para criar uma rede polirrítmica e polifônica complexa . Anos mais tarde, os músicos afro-americanos, deram o nome de “groove” para este conceito, elemento onipresente e essencial em toda a música do século XX. Do free jazz ao funk, do heavy metal ao minimal techno, bossa nova, samba e tango.

2. Na música popular

Outra característica é que , Stravinsky (influenciado pelas idéias de seu mestre Rimsky Korsakov) usa velhas melodias folclóricas russas como mot para o seu trabalho. Ou seja, música clássica estava fazendo um aceno para a música primitiva e pagã “das tribos”. Feito que se opôs a um processo de séculos , que vem de Bach, em que a música era o mais celestial possível, longe da terra, do suor e do sangue, como se fossem anjos. A coreografia é um exemplo muitivoo visual deste , em que os bailarinos apoiam as solas dos seus pés no chão, ao contrário do dogma do balé clássico em que todo mundo tem que andar na ponta dos pés , como se fossem anjos.
Este fato, além de ter relevância puramente musical, tem muito valor no aspecto cultural e sócio-econômico  da música do século XX. A criação e posterior sucesso comercial das gravadoras, e com eles, a música popular criada por compositores sem vínculo com o poder da igreja ou da nobreza, talvez seja o exemplo mais claro .

Até o século XIX , a música criada pelo compositor de formação clássica era ouvida pela maioria das pessoas. Estes compositores usavam o sistema tonal, onde uma nota regia as demais e todas as notas que não eram o mais importante, existiam em função da nota tônica, algo parecido com a “nota Deus” ou “nota Rei”.
No entanto, no século XX , a música que a maioria das pessoas ouvem (e consomem), vem de criadores não clássicos: The Beatles, Carlos Gardel, Tom Jobim, para dar alguns exemplos . Esse processo gerou que, aos poucos, as notas começaram a desfrutar de alguma igualdade, pois os compositores tiveram um pouco mais de liberdade musical. O jazz modal dos anos 50 e 60 , a música pop dos anos 80, são exemplos claros (mas que nao chegam a ser tão radicais como a anarquia da musica dodecafônica ou serial), mas sim, mais perto de uma espécie de democracia representativa. Além disso, a preocupação que tinham os compositores de não passar pela aprovação de seu patrono (sempre membros nobres ou poderosos da igreja ) hoje não existe, mas sim, se o mercado irá aceitar, ou seja, o trabalho deve ser aprovado pelo “povo” através do seu representante, o gerente de um gravadora.

3. Os timbres

Stravinsky começa seu trabalho com um instrumento que nunca havia assumido o papel de solista na orquestra, o fagote . Além de dar-lhe um papel de protagonista, ele deu ao instrumento um novo registro, executando melodias não comuns a ele. Essa escolha gerou um novo timbre na orquestra, que, às vezes, parece sons de guitarras e sintetizadores, tão comuns na música popular dos 100 anos que se seguiram a estréia de ” The Rite ” .

Esses três recursos, juntamente com outros, como o uso de “acordes híbridas” (acordes que não era nem maiores nem menores), fez esta peça revolucionária, alguns anos antes da eclosão da Revolução Russa .
Stravinsky usou pela primeira vez, recursos que agora soam familiar para nós, e deixou claro que esta obra nada tem nada a ver com o esnobismo de muitos artistas que buscam criar revoluções estéticas vazias.
E acima de tudo, feita esta análise fria, Stravinsky conseguiu capturar com genialidade e maestria emoções como o medo e a serenidade, alegria e ansiedade. E, do mesmo modo que acontece em nossas vidas, em questão de segundos e, imprevisivelmente, estes sentimentos se modificam e misturam-se, sem se importar se são, ou não, antagônicos.

Pra ouvir essa grande obra, clique aqui!

Esse vídeo é a filmagem de um ballet, dirigido por Pier Boulez:

Também recomendo a leitura de “Poesia Musical“, um livro baseado na palestra que o compositor estava em Harvard, que aborda vários de seus conceitos estéticos .

Além disso, este documentário :
Keeping Score : Sagração da Primavera de Stravinsky





Matança do Porco (1973) – Som Imaginário

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32267_11. Armina
2. A3
3. Armina (Vinheta)
4. A#2
5. A Matança do Porco
6. Armina (Vinheta 2)
7. Bolero
8. Mar Azul
9. Armina (Vinheta 3)

O Som Imaginário é uma das bandas instrumentais mais importantes da música brasileira. Cria mineira do início dos anos setenta, em princípio foi formada apenas pra acompanhar Milton Nascimento no show “Milton Nascimento, ah, e o som imaginário”. Porém, ganhou vida próprio e gravou durante os anos em que existiu três discos autorais: os epônimos Som Imaginário de 1970 e 1971, respectivamente, e o ótimo Matança do Porco, lançado em 1973. Além de, ainda com Miltom ter sido a banda de base do histórico show e disco O Milagre dos Peixes, também de 1973.

Em todos os discos do Som Imaginário, as composições de Wagner Tiso sempre foram as mais gravadas pelo grupo. Porém, no disco de 1973 – que contou com os vocais harmônicos do próprio Milton Nascimento – toda concepção é de Tiso, que viria posteriormente como arranjador, trabalhar com Gonzaguinha, Dominguinhos e o próprio Bituca, além de outros grandes da música brasileira. O Som Imaginário foi um grande laboratório para os músicos que por lá passaram: Tavito, Zé Rodrix, Toninho Horta, Robertinho Silva, Luiz Alves, até Naná Vaconcelos, entre outros. O laboratório experimentava soluções musicais que iam do jazz à música brasileira, do rock progressivo à música erudita. Um dos resultados mais brilhantes foi Matança do Porco, um dos discos mais fantásticos e emblemáticos da música instrumental brasileira.
Pra ouvi-lo, clique aqui!

A/B (2013) – Vitor Araújo

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AB_ladoA1. Solidão n.01
2. Solidão n.02
3. Soildão n.03
4. Solidão n.04

AB_ladoB1. Baião
2. Jongo
3. Veloce
4. Pulpo

Considerado um prodígio desde que surgiu na música brasileira, o pianista Vitor Araújo, nascido em Recife/PE, lançou ano passado o álbum A/B. O nome foi escolhido simplismente pela forma como está oganizado, deixando sua interpretação livre pra quem ouvi-lo, assim com é a música feita por Vitor. De formação clássica, o músico misturou com uma maestria ímpar a música clássica com a popular, unindo  no disco o piano à percussão regionalista e minimaista de Naná Vasconcelos, ao experimentalismo do Rivotril, ao peso do Macaco Bong e ao poema  sonoro de Yuri Queiroga.

Essa união parece ser uma interpretação do álbum, pelo próprio artista, pois no Lado A estão as músicas mais intimistas, onde o piano parece dialogar diretamente com à alma em seus dias mais reclusos e pensativos, porém, já demostrando a abertura possível, pois, no “terceiro ato” da solidão o trompetista Guizado faz participação. No Lado B, onde a reclusão não existe, o coração e o caminho se abrem às possibilidades que Vitor Araújo às músicas, pois dialogam diretamente com rtimos mais crus e alegres e com músicos mais novos ou experientes. A/B foi gravado em Recife, Rio de Janeiro e São Paulo, e mixado pelo mestre Buguinha Dub. Nele, participa também a doutora em paino erudito Stefanie Freitas.
O disco está disponível pra download no próprio site do músico, e pra ouvi-lo, clique aqui!

Miosótis (2006) – Paulo Martelli plays Zé Henrique Martiniano

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1.É Gol
2.Jauaperi
3.Rio Sampa
4.Oldest Friends
5.Enigma
6.Sob os Faróis
7.Tarde
8.Bagatela
9.Bagatelli
10.Miosótis

Paulo Martelli é um violonista brasileiro nascido em Araraquara, interior de São Paulo, de renome internacional, considerado um dos melhores violonistas de sua geração. Músico eclético, virtuoso, de técnica refinada combinada com muita sensibilidade e senso musical. Além disso o músico é um agitador cultural, é idealizador e curador do projeto Movimento Violão, levando o violão clássico para diversas cidades em concertos gratuitos. Em 2006 ele lança o álbum “Miosótis” com composições de José Henrique Martiniano, seu conterrâneo músico e compositor, em arranjos inéditos e com a participação de João Luis Resende Lopes. Belo som, confira!

Paulo Martelli tocando Bach em seu violão de 11 cordas: 

Plays His Favorites Vol.2 (1998) – Kazuhito Yamashita

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Kazuhito Yamashita - Plays His Favorites

1 – Serenade (Gustave Samazeuilh)
2 – Alba (Hans Haug)
3 – March from “King Lear”Op.58a (Dmitry Shostakovich – Kazuhito Yamashita)
4 – Cancion (Federico Mompou – Alirio Dias)
5 – El Colibri (Julio S.Sagreras)
6 – Vain Regret (Ernest Shand)
7 – Etude Op.31-4 (Fernando Sor)
8 – Kono michi – I have been here before (Kosaku Yamada – Kazuhito Yamashita)
9 – Aka – Tombo (Kosaku Yamada – Kazuhito Yamashita)
10 – Serenade (Alexander Borodin – Kazuhito Yamashita)
11 – Onazez ! – Dolor (Jose Antonio Donostia – Jose Tomas)
12 – Cancion No.3 (Julian Aguirre – Jorge Gemez Crespo)
13 – Tarantella (Mario Castelnuovo-Tedesco)
14 – Song of India from “Sadko” (Nikolai Rimsky-Korsakov – Kazuhito Yamashita)
15 – El Abejorro (Emilio Pujol)
16 – Aragonaise from “Carmen” (Georges Bizet – Kazuhito Yamashita)
17 – Foggy Morning (Abaza – Kazuhito Yamashita)
18 – Lullaby (Alexander Ivanov-Kramskoi)
19 – Impromtu (Daniel Fortea)
20 – Ninna Nanna (Benvenuto Terzi)
21 – Etude No.23 (Napoleon Coste)
22 – Evocacion (Daniel Fortea)
23 – Cancion triste (Francisco Calleja)
24 – Fantasia Original (Jose Vinas)
25 – Pavane pour une infante defunte (Maurice Ravel – Mario Castelnuovo-Tedesco)
26 – Minstrels (Claude Debussy – Mario Castelnuovo-Tedesco)

Kazuhito Yamashita, nascido em 1961 em Nagasaki – Japão,  é  violonista clássico virtuoso, premiado em diveros concursos pelo mundo. Também é considerado um dos artistas mais importante de sua geração. Neste disco temos músicas de diversos estilos, muito bem executadas por sinal. Pra quem gosta de violão clássico tá aí.

Download: Clique aqui

Pra ver e ouvir um pouco mais:

The Four Seasons(1984) – K.Yamashita & L.Coryell

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cover - front

01. Concerto No.1 “Spring”

02. Concerto No.2 “Summer”

03. Concerto No.3 “Autumn”

04. Concerto No.4 “Winter”

Interpretes:Kazuhito Yamashita é um violonista japones considerado “virtuose” ,de formaçao “erudita”.Gravou inúmeras peças do repertório para violão solo ,duo , acopanhado de conjuntos e orquestras , e transcreveu varias outras peças de suas formações instrumentais originais para violão. Larry Coryell,nascido no Texas, é violonista e guitarrista,e se formou em Richland High School.Larry ja se enveredou por muitos caminhos na música e ja se apresentou ao lado de  Chick Corea,Paco de Lucia,Miles Davis, Pastorius…

Composta em 1723 ,”As Quatro Estações” é o trabalho mais conhecido de Vivaldi , e esta entre as peças mais populares da música barroca.A obra aparece aqui arranjada por Michiru Oshima, Larry Coryell, Kazuhito Yamashita e Kazumi Watanabe para um dueto de violões e ,apresentando uma perspectiva bastante interessante desse isntrumento,toma uma coloração muito distinta da original ,sem alterar a idéia central da música.Yamashita toca violão com cordas de nylon enquanto Larry toca com cordas de aço , gerando uma interaçao de timbres que é muito bem explorada no decorrer da música.A interpretação de ambos é muito boa , e bem distinta da outra. Alguns minutos de escuta bastarão para identificar a sonoridade de cada um …

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