Arquivo mensal: maio 2013

Uakti 2 (1982) – Uakti

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Uakti 2 - capa1. Canto de Iarra (Dança das Espadas)
2. Cio da Terra
3. Arabesque
4. Cartiano Marra
5. Passo da Lua
6. Barroca (Mil e Uma Noites)
7. Marimba d’angelim

O Uakti, quarteto mineiro formado em 1978, é de longe um dos grupos mais inventivos e originais da música brasileira. Facilmente classificado naquele gênero limitado e preguiçoso de world music, que pasteuriza nas grandes lojas do mundo a música de caratér estranho feita ao redor do mundo, a música do Uakti vai muito além. A música do grupo é mundial, porque tem o poder se sincretizar num mesmo disco e na própria carreira ritmos e instrumentos de abrangência nacional e internacional, mas que estão longe de se encerrar nisso, como é perceptível em Uakti 2, disco lançado em 1982, e segundo da grande discografia do grupo..

Um exemplo sensacional dessas antenas que sempre captam e transformam a essência da música, é a linda releitura instrumental que o grupo fez da composição Cio da Terra, dos mestres Milton Nascimento e Chico Buarque, deixando-a ainda forte e singela, mas, com linguagem universal. Cio da Terra é a única composição do disco que não é de Marco Antômio Guimarães, também diretor musical do Uakti. São belíssimas composições instrumetais que tomam vida própria a partir de instrumentos feitos pelos próprios músicos, utilizando como matéria-prima tubos de PVC, vidro, latão, etc. Além de Marco Antônio, os outros integrantes são Paulo Sérgio dos Santos, Artur Andrés Ribeiro e Décio de Souza Ramos, todos com formação cássica.
Belíssimo disco! Pra ouvi-lo, clique aqui!

Ao Vivo no Espaço Mais Soma (2013) – MarginalS + Guizado + Dj Marco

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art marginals + guizado + marco

1. Introducing Ms. Johnson
2. Introducing Ms. Jackson
3. Ms. Johnson’s Space Tea Party_Savge Space Talent number 8
4. Mr. Jackson’s Tasty Trear Special
5. Ms. Johnson’s Space Forbidden Dreams part 6
6. Ms. Jackson’s Freaky Love Dance
7. Ms. Johnson’s Sexy Space Outfit
8. Ms. Jackson’s Capert Cleaning Techinics
9. Mr. Gomez’s in da House
10. Ms. Johnson’s Savage Space Talents, number 1
11. Ms. Jackson’s Mysterious Ofuro Approch
12.  Ms. Johson’s Space Forbidden Dream, part 2 , 3
13. Ms. Jackson’s Freaky Love Dance (Ofuro Party)
14. Ms. Johnson’s Savage Space Talents, number 2, trought 5
15. Ms. Jackson’s  Capert Cleaning Techinics Revised (whit laser)
16. Ms Johnson’s Mysterious Space Rendez-Vouz
17. Vortexx
18. Ms. Jackson Thank You Note

Terceiro bootleg do trio de improviso groove MarginalS, gravado durante a residência dos caras entre 2010 e 2011 no Espaço +SOMA, em São Paulo. Dessa vez, Thiago França, Marcelo Cabral e Tonny Gordin tem como convidados o trompetista Guizado e o Dj Marco. A sessão suingada de experimentações e viagens instrumentais alucinadas está divida em 18 faixas, homenageando Ms. JohnsonMs. Jackson. Como presente à essa senhoritas, o bicho pegou como sempre!
Pra ouvir mais esse bootleg, clique aqui!

A + B (2012) – Quarto Sensorial

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Quarto Sensorial - A + B (Cover)1. Biotônico Ferreira
2. Inferno Astral
3. Voo Livre (parte 1)
4. Voo Livre (parte 2)
5. 08’59 am
6. La Gambiarra
7. Samba Cafeinado

Na estrada desde 2007, os gaúchos do Quarto Sensorial lançaram ano passado seu primeiro disco cheio: A + B, depois do EP de estréia denominado “Quarto Sensorial“, lançado em setembro de 2009. O disco foi gravado e produzido em Porto Alegre, cidade com importantes bandas instrumentais como a já extinta Pata de Elefante e o Reverba Trio, além de outros belos trabalhos instrumentais como o de Marcelo Armani. Essa grande leva de artistas gaúchos confirma o que Renan Ruiz disse na entrevista com a banda Catexia feita na semana passada: ‘é difícl algum estado brasileiro não ter uma banda ótima de música instrumental”. Fato!

A + B, como os próprios músicos dizem é um laboratório de ritmos e experimentações, pois o power trio formado por Bruno Vargas (baixo), Carlos Ferreira (guitarra, violão e programações) e Martin Estevez (bateria e percussão) mistura com muita criatividade o jazz/fusion latino com passagens minimalistas e rock progressivo, e ritmos brasileiros como o samba com o post rock, criando paisagens sonoras que levam da tranquilidade à intensidade dentro da mesma composição. Mais uma prova do belo momento que a música instrumental brasileira vive.
Pra ouvir A + B, clique aqui!

Matança do Porco (1973) – Som Imaginário

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32267_11. Armina
2. A3
3. Armina (Vinheta)
4. A#2
5. A Matança do Porco
6. Armina (Vinheta 2)
7. Bolero
8. Mar Azul
9. Armina (Vinheta 3)

O Som Imaginário é uma das bandas instrumentais mais importantes da música brasileira. Cria mineira do início dos anos setenta, em princípio foi formada apenas pra acompanhar Milton Nascimento no show “Milton Nascimento, ah, e o som imaginário”. Porém, ganhou vida próprio e gravou durante os anos em que existiu três discos autorais: os epônimos Som Imaginário de 1970 e 1971, respectivamente, e o ótimo Matança do Porco, lançado em 1973. Além de, ainda com Miltom ter sido a banda de base do histórico show e disco O Milagre dos Peixes, também de 1973.

Em todos os discos do Som Imaginário, as composições de Wagner Tiso sempre foram as mais gravadas pelo grupo. Porém, no disco de 1973 – que contou com os vocais harmônicos do próprio Milton Nascimento – toda concepção é de Tiso, que viria posteriormente como arranjador, trabalhar com Gonzaguinha, Dominguinhos e o próprio Bituca, além de outros grandes da música brasileira. O Som Imaginário foi um grande laboratório para os músicos que por lá passaram: Tavito, Zé Rodrix, Toninho Horta, Robertinho Silva, Luiz Alves, até Naná Vaconcelos, entre outros. O laboratório experimentava soluções musicais que iam do jazz à música brasileira, do rock progressivo à música erudita. Um dos resultados mais brilhantes foi Matança do Porco, um dos discos mais fantásticos e emblemáticos da música instrumental brasileira.
Pra ouvi-lo, clique aqui!

A Voz do Brucutu (2013) – Catexia

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capa1. Inferno
2. A Ressureição
3. Marta

Temos a satisfação imensa em mais uma vez divulgar um disco da nova safra da música instrumental brasileira, que não para de lançar bandas e trabalhos ótimos. Dessa vez, o lançamento vem da cidade paulista – quase mineira – de Franca: a banda Catexia. Formada sem muitas pretensões na virada de 2011 pra 2012, e com integrantes que já possuem experiências mútuas com música ou não, acabam de disponibilizar pra download seu primeiro trabalho, o EP A Voz do Brucutu, que veem com 3 músicas compostas ainda na fase inicial e de experimentação da banda, quando muitas composições eram apenas anestésico pra vida do guitarrista Lucas Misu.

A banda tem origem parecida com muitas outras da nova cena instrumental (entre elas, A Atmosfera Lunar, também de Franca e instrumental e onde tocam alguns integrantes do Catexia): a universidade, onde várias cabeças inquietas se encontram e fazem a convivência extrapolar o academicismo e futulidade comum no meio, transformando-a em arte, e das boas! A música do Catexia tem o post rock como mola propulsora e o faz com maestria, sinalizando ao gênero uma direção mais éterea. O EP A Voz do Brucutu, acaba de ser lançado e disponibilizado pra download no próprio saite dos caras. A produção ficou por conta de Peu Ribeiro, figura importante da cena independente de Sorocaba/SP, cidade de origem de alguns músicos da banda.
Pra ouvir o disco, clique aqui!

contracapa

Fizemos também uma entrevista com Renan Ruiz, um dos ingrantes da banda, sobre o projeto, gravaçõe e a música instrumental. Se liga:

Boca Fechada: Como a banda foi formada? Qual a influência da experiência com A Atmosfera Lunar para o Catexia?
Catexia: A origem da Catexia está totalmente subsidiada por uma fase diferente que se passava na vida do nosso guitarrista: Lucas Misu. Era final de 2011, e na minha percepção, eu acredito que o Lucas passava por um momento bem distinto em toda sua vida, no quesito sociabilidade. A gente mora junto a uns 4 anos e nessa época ele ficava trancado horas (muitas horas mesmo) dentro do quarto dele apenas fazendo riffs no violão pra tentar botar pra fora os demônios que sentia (e que provavelmente o incomodavam). Pra chegar até meu quarto eu passava pela janela do quarto dele e durante meses enquanto eu caminhava pra ir dormir (ou ir até o quarto fazer qualquer coisa), sempre ouvia os riffs que ele estava criando. O que eu acho interessante dessa história toda é que o Lucas nunca tinha feito aula de guitarra, nem nada desse tipo. A busca pelas notas, nessa época, eu acredito que funcionasse como uma espécie de válvula de escape pro não surto social. Dessa época surgiram músicas como “Inferno” e “Marta” que estão no EP.
Até que um dia, depois de eu tanto ouvir os riffs, eu convidei ele pra tocar comigo e aí tudo começou a criar mais forma. Começamos a ensaiar só nós dois mesmo e por alguns meses (final de 2011, começo de 2012) foi assim: apenas uma guitarra e bateria. O Alex (baixista) passou na UNESP, e eu o convidei pra morar conosco na nossa republica pois já o conhecia da nossa cidade natal: Sorocaba. O Alex na verdade é baterista (muito melhor do que eu, aliás) e ele não tinha escapatória morando na mesma casa: ficava ouvindo os ensaios que eu fazia com o Lucas. Até que um dia enquanto a gente ensaiava, ele entrou no nosso estúdio Lo-Fi, pegou um baixo que ali estava e começou a tocar junto com a música. Foi lindo demais pra gente e naquele mesmo momento intimamos ele pra tocar conosco. A entrada do Carlos foi quase a mesma coisa, ele chegava do trabalho e nos ouvia ensaiando. Dai até a entrada dele na banda foi apenas um passo.
Agora, quanto a influência da A Atmosfera Lunar na Catexia, eu creio que uma das únicas (senão a única) influência/característica é que até janeiro de 2013, nós todos morávamos juntos. Então essas músicas também são frutos da nossa convivência cotidiana, de conseguir compreender o outro, se escutar, se entender, passar por dificuldades juntos. Pra mim tocar junto sempre foi muito mais do que dividir a técnica da música por sí mesma. Assim, nós dividimos tudo durante 3 anos: casa, cama comida, brigas, espaços, ideias, etc. E foi uma época gloriosa na vida de todos nós, tenho certeza. (A Atmosfera Lunar existe ainda, estamos compondo material novo).

BF: Como foi/é o processo de composição de vocês? Como o disco foi produzido?
C: Nosso processo de composição tem várias facetas. Mas se for pra ressaltar um aspecto, eu diria a repetição. No sentido de que tentamos tocar/ensaiar bastante juntos pra conseguir entrosar (nós mesmo e o som como resultado) de uma forma legal. O que acontece na maioria dos casos é alguém que aparece com alguma ideia/riff e a partir da apresentação para os outros membros, todos começam um processo de lapidação dessa estrutura musical. Esse processo de lapidação consiste em dar mais ideias pessoais para as estruturas da música (todo mundo opinando feito lôco), assim como também tocar bastante junto pra que a novas soluções saiam coletivamente. Devido a maneira como surgiu a banda a maioria das músicas que apresentamos ao vivo hoje são do Lucas, mas já temos apresentado músicas do Alex também, e estamos ensaiando novas do Carlos. Além dessas composições que a gente vai reestruturando, também fazemos muitas ‘jam session’. No show que estamos apresentando não tocamos muitas músicas que fizemos em ‘jam session’ mas eu acredito que elas são primordiais pra nossa relação enquanto músicos. A questão do desenvolvimento da música, do entrosamento: um olhar ali pra outro integrante por um milésimo de segundo e logo ambos concordarem que tudo vai mudar no próximo compasso. Também não estamos tocando muitas das músicas que criamos nas ‘jam’ pois esquecemos a maioria delas mesmo. hahah. Para resolver esse problema estamos com o projeto agora de gravar os ensaios e poder escutar e estudar mais as nossas músicas.
Quanto ao disco, o material foi produzido pelo Pêu Ribeiro lá de Sorocaba/SP que trabalha no estúdio Mústachi. Viajamos até Sorocaba e ficamos por lá uma semana gravando tudo em faixas separadas. Gravação é um processo muito interessante. Você repensa toda sua música, e percebe o déficit de técnica que você tem, haha. De fevereiro até maio o Pêu ficou por lá mixando e masterizando enquanto nós voltamos pra Franca e ainda gravamos mais algumas pistas de guitarra e sintetizadores para conseguir chegar em uma ambiência que a gente queria nesse trabalho de estúdio. Nesse período também trabalhamos em construir o nosso próprio site por onde rola todas as informações da banda e o download gratuito do disco.

Foto 1

BF: Que influências tem os músicos?
C: Me parece que nesses últimos tempos todos da banda tem passado por uma fase de ouvir mais coisas do que costumávamos ouvir. Também me parece que a maioria das coisas que a gente escuta tem vocal. Eu, particularmente, pesquiso academicamente o jazz-fusion instrumental brasileiro do final de 70 começo 80: uma vertente de som que não tem relação direta com nossa música, mas sempre acaba influenciando de uma maneira ou de outra. Citando umas bandas que ouço muito(e não instrumentais), posso dizer o The Mars Volta, Nirvana, Jack White, Jeff Buckley, Queens of The Stone Age, Radiohead, Mew, Iggy Pop, Led Zeppelin, MC5, Sonic Youth, etc. Em contrapartida, estamos bem ligados também nesse pós-rock-instrumental de hoje com bandas muito boas como: , Toe, Russian Circles, And So i Watch You From Afar, Jacks Marquise, Explosions in the Sky, Tortoise, Mogway, etc.

BF: Porque música instrumental?
C: Eu acho que o instrumental aconteceu como produto em nossas vidas. Não foi um projeto premeditado. Na minha concepção foi o meio/direção encontrada por nós naquele determinado momento (inicio do Catexia) de conseguir expressar nossas angústias e nossa subjetividade. Tocar é um tesão enorme, mas apesar da internet ser pressuposto no mundo do século XXI e de algumas bandas ‘independentes’ terem uma certa visibilidade, ainda é muito difícil ser artista independente na música hoje em dia no interior de SP. Desde o local pra ensaiar, até lugares para apresentar as composições (o cover é hegemonia) chegando até a distribuição do seu trabalho. Além desse problema estrutural, ter uma banda também é complicado pra gente pois também existe a questão da convivência cotidiana, que acredito ser um divisor de águas indireto pras nossas composições . Entre essas conturbações todas, acho que a Catexia se encontrou no instrumental. Quero dizer: entre a soma dessas dificuldades estruturais e das nossas constantes brigas, a gente acabou encontrando um caminho coletivo dentro da música instrumental.
Mas não é porquê adentramos na estética instrumental sem um projeto prévio que não conhecemos as especificidades desse tipo de música. Como eu disse na resposta anterior, o próprio pós-rock instrumental contemporâneo é, também, uma influência bem importante pra gente. Mas eu acho que se o Catexia pode ser enquadrado nesse pós-rock-instrumental foi mais por uma armadilha do destino do que por um projeto estético nosso. E eu também acho isso bem interessante porquê eu vejo a música que a gente faz como algo que se cria quando não existem mais saídas, quando não se tem pra onde ir, como uma briga com você mesmo. Além disso, eu percebi que todo mundo da banda acabou pesquisando um pouco sobre a música instrumental, por acabar se inserindo no meio. Então, acredito que estamos vivendo hoje sobre uma série de indagações sobre o fazer instrumental-independente hoje no Brasil (senão pelo menos em Franca, haha).
Além de tudo isso, eu particularmente tenho um pouco de medo da música instrumental. Por talvez soar subjetivo demais, de virar apenas técnica(no sentido de estrutura) musical. Eu considero a letra um elemento muito rico pra qualquer artista se expressar, sobretudo na música, onde é possível unir elemento textual com melodia musical, ritmo e entoação. Na Catexia conversamos algumas 2 ou 3 vezes sério sobre colocar vocal, mas não foi/é a nossa saída enquanto banda. Na verdade, em nossas últimas conversas pensamos em colocar 1 ou 2 frases em algumas músicas e repeti-las usando a base alguma melodia, quem sabe essa ideia não vai pra frente e fazemos algo diferente no próximo EP.

Foto 2

BF: Vocês veem a música instrumentam como uma cena?
C: Olha, posso estar falando muita merda, mas eu acho que nunca na história da música surgiu tanta banda instrumental em um determinado país como aconteceu no Brasil pós 2000(talvez 2005): Fóssil, Labirinto, A Banda de Joseph Tourton, Camarones Orquestra Guitarrística, Macaco Bong, Skrotes, Burro Morto, Hangovers, Urso, Aeromoças e Tenistas Russas, Bexigão de Pedra, Tupi Balboa, Eletroeco, Dibigode, Malditas Ovelhas!, 4Instrumental, Vendo 147, The Tape Disaster, ruido/mm, Ubella Preta, Constantina, SOMA, Herod Layne (tocaram com o The Cure a pouco tempo), Mama Gumbo, Bexiga 70, Pata de Elefante, Avec Silenzi, Tigre Dentre de Sabre, Mullet Monster Máfia, Huey, Os Pontas, Buffalo, Mamma Cadela, Hurtmold, Elma e a lista não para. Quase todos os estados do Brasil estão representados pelo instrumental, e muitas bandas viajaram para o exterior já. Se uma quantidade tao grande assim de bandas nao pode ser chamada de cena instrumental, não sei o que poderá ser denominado dessa maneira. Também acho que farão alguns estudos sobre essa movimentação no futuro.

A/B (2013) – Vitor Araújo

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AB_ladoA1. Solidão n.01
2. Solidão n.02
3. Soildão n.03
4. Solidão n.04

AB_ladoB1. Baião
2. Jongo
3. Veloce
4. Pulpo

Considerado um prodígio desde que surgiu na música brasileira, o pianista Vitor Araújo, nascido em Recife/PE, lançou ano passado o álbum A/B. O nome foi escolhido simplismente pela forma como está oganizado, deixando sua interpretação livre pra quem ouvi-lo, assim com é a música feita por Vitor. De formação clássica, o músico misturou com uma maestria ímpar a música clássica com a popular, unindo  no disco o piano à percussão regionalista e minimaista de Naná Vasconcelos, ao experimentalismo do Rivotril, ao peso do Macaco Bong e ao poema  sonoro de Yuri Queiroga.

Essa união parece ser uma interpretação do álbum, pelo próprio artista, pois no Lado A estão as músicas mais intimistas, onde o piano parece dialogar diretamente com à alma em seus dias mais reclusos e pensativos, porém, já demostrando a abertura possível, pois, no “terceiro ato” da solidão o trompetista Guizado faz participação. No Lado B, onde a reclusão não existe, o coração e o caminho se abrem às possibilidades que Vitor Araújo às músicas, pois dialogam diretamente com rtimos mais crus e alegres e com músicos mais novos ou experientes. A/B foi gravado em Recife, Rio de Janeiro e São Paulo, e mixado pelo mestre Buguinha Dub. Nele, participa também a doutora em paino erudito Stefanie Freitas.
O disco está disponível pra download no próprio site do músico, e pra ouvi-lo, clique aqui!

On the Corner (1972) – Miles Davis

Padrão

Capa

1. On the Corner
2. New York Girl
3. Thinkin’ One Thing And Doin’ Another
4. Vote For Miles
5. Black Satin
6. Onde and Onde
7. Helen Butte
8. Mr. Freedom X

Decididamente um dos discos mais polêmicos da história do jazz é On The Corner, cria de um dos músicos mais excêntricos, genias e incompreendidos do ritmo negro nascido na América do Norte. Lançado em 1972, essa obra de Miles Davis à época de seu lançamento, foi amplamente criticada por jornalistas, fãs e músicos do jazz, graças à grande novidade e mistura para que a música de Miles apontava. No fim da década de 60, Miles teve contato com a música de Jimi Hendrix e a partir daí seu jazz eletrificou-se e foi alçado a diálogos com sintetizadores, pedais de efeito, instrumentos eletrônicos, a música contemporânea de Stockhausen e o funk, ritmo recém nascido no final da década de 60.

On The Corner é uma grande jam de músicos fudidos. Entre eles: Chick Corea, Herbie Hanconk John MachLaughlin, também responsáveis por eletrificar o jazz. Ao dar play nessa grande obra, recebemos um grande murro no queixo. O disco começa com quatro músicas que na verdade são apenas uma pedrada: On the CornerNew York GirlThinkin’ One Thing And Doin’ AnotherVote For Miles, e nessa linha segue em todos seus 50 minutos. Grande parte dos críticos, dizia que o disco era repetitivo, esquisito e não significava nada. Na verdade, o que Miles fez, foi não repetir a forma em que jazz caminhava há muitas décadas, dando à ele um novo conceito e estética musical.
Pra baixar essa pedrada, clique aqui!

Slaves Mass (1977) – Hermeto Pascoal

Padrão

capa

1. Tacho (Mixing Pot)
2. Slave Mass (Missa dos Escravos)
3. Chorinho Para Ele (Little Cry For Him)
4. Cannon
5. Escuta Meu Piano (Just Listen)
6. Aquela Valsa (The Walts)
7. Geléia de Cereja (Cherry Jam)

Hermeto Paschoal dispensa comentários e maiores apresentações. Considerado um dos maiores músicos brasileiros e também um dos mais marginalizados da história da nossa música, está há quase 50 anos colocando a música brasileira pra frente. É um dos artistas mais inventivos e genias da música popular, capaz de transformar a música mais rústica vinda do interior do Nordeste e referência para suas composições, em música moderna, atonal e à frente de seu tempo.

Em 1977, época em que estava em Nova York gravando com Airto Moreira e Flora Purim, foi convidado a gravar essa grande obra de sua discografia, o disco Slaves Mass ou Missa dos Escravos. A tal “missa”, reúne tudo que faz parte do imaginário fantástico das composições de Hermeto: os ritmos africano e o jazz, misturados à vários elementos do sertão, desde ritmos como toada, baião e maracatu, à animais presentes em seu cotidiano de infància em Lagoa da Canoa, município alagoano onde nasceu. Além de nunca esquecer do choro, ritmo genuinamente brasileiro e sempre presente na carreira do artista.

Um desses animais participou como instrumentoem uma das faixas, demonstrando a originalidade do compositor. Na música que dá o nome ao disco, um porco teve seus grunidos gravados e misturados a cânticos e melodias que fazem referência a história do músico e aos ritmos da música negra. Outro detalhe interessante das músicas de Hermeto, é que na maioria das suas composições a voz se faz presente; não cantando, mas sim, participando hamonica e melodicamente na construção dos arranjos, ou funcionando como pequenos samples.
Mais uma grande obra dessa mestre da múscixa brasileira. Pra ouvir Salves Mass, clique aqui!

Ao Vivo No Espaço Mais Soma (2013) – MarginalS e Thomas Rohrer

Padrão

capa_marginals_21. Primeiro ato, cena 1
2. Primeiro ato, cena 2
3. Primeiro ato, cena 3
4. Primeito ato, cena 4
5. Primeiro ato, cena 5
6. Segundo ato, cena 1
7. Segundo ato, cena 2
8. Terceiro ato, cena 1
9. Terceiro ato, cena 2
10. Terceiro ato, cena 3
11. Terceiro ato, cena 4
12. Quarto ato, cena 1
13. Quato ato, cena 2
14. Quarto ato, cena 3
15. Quarto ato, cena 4
16. Quarto ato, cena 5
17. Quinto ato, cena 1
18. Quinto ato, cena 2
19. Quinto ato, cena 3
20. Quinto ato, cena 4
21. Quinto ato, cena 5
22. Sexto ato, cena 1
23. Sexto ato, cena 2

Somos muito fãs dos trabalhos do trio de improviso e free jazz MarginalS – essa é a quarta vez que o trio paulistano aparece aqui no blogue. Duas vezes com seus discos de estúdio, porém improvisados e outras duas (contando essa) com bootlegs gravados ao vivo no Espaço Mais Soma, na capital paulista, durante os anos de 2010 e 2011.

No primeiro, o convidado foi o irriquieto Maurício Takara, e nesse o músico suíço radicado no Brasil, Thomas Rohrer, tocando sax soprano, rabeca e percussão. A sessão foi dividida em atos e cenas, dando uma narrativa aos improvisos do quarteto. O resultado já sabemos:  mistura enérgica de jazz, música brasileira, grooves e muitas paisagens sonoras.

O trio pretende lançar esse ano outros bootlegs gravados ao vivo, com convidados como Guizado, Criolo e Lurdez da Luz. É ficar esperto e aberto à todas essas novidades e viagens musicais.
Pra ouvir a sessão, clique aqui!