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Espionagem Industrial (2013) – Camarones Orquestra Guitarrística

Padrão

Capa Espionagem IndustrialLado A:
1. Como Água no Pescoço
2. Peggy Loucura
3. Espionagem Industrial
4. A Trama
5. Festa dos Gatos
6.Ula-ula
7. Beijar Seus Pés
8. Surfando em Boa Viagem
9. Deleite
10. Bronx
11. Rock de Roqueiro

Lado B:
1. Carnastra
2. Terror em Buzarco
3. Ratazana Radioativa
4. Meu Nome por Aí
5. Baggiones
6. Trilha Invisível

Estamos na metade de 2013, e vários discos brasileiros já foram lançados. Entre eles, diversos da música instrumental; e dentre esses, o Camarones Orquestra Guitarrística, banda  de Natal/RN com 5 anos de estrada, acaba de fazê-lo. O Camarones – como é simpaticamente chamado – é umas das bandas independentes que mais rodou o Brasil e outros países do cone-sul, e chegam a seu terceiro registro: o álbum Espinonagem Industrial, lançado no primeiro semestre de 2013.

Ouvindo os outros discos dos potiguares, em Espionagem Industrial nota-se uma maior amadurecimento das banda. Processo comum, já que as ideias com o tempo ficam mais claras. O rock pesado, com muitas guitarras é quem manda no “Lado A” do disco, abrindo espaço no “Lado B” – com menos faixas – a mais experimentos, abusando de climas e paisagens criadas por sintetizadores e samples. É um disco que deixa claro tudo que influenciou na história e nas composições da banda, além de mostrar o caminho que estão traçando e que podem permear os trabalhos futuros da banda.

O disco foi disponibilizado pela própria banda pra download, e pra ouvi-lo clique aqui!

Além da resenha, fizemos uma entrevista com Anderson Foca, integrante do Camarones e grande produtor e trabalhador da música independente brasileira. Camarones, Espionagem Industrial, cena independente, dentre outras coisas, foram esmiuçadas nela:

Boca Fechada: Contem um pouco da história da banda: formação, influências, discografia, etc.
Andreson Foca: Começamos em 2008 com um projeto do Estúdio dosol, que é onde muitos dos caras que tocam rock na cena potiguar rondam há muitos anos. O plano era tocam com três guitarras temas de  desenhos animados, filmes e afins. Começamos a fazer pequenos shows e o público e a tour começaram a aumentar muito. No fim de 2008 para 2009 já tínhamos festviais importantíssimos na bagagem como Recbeat, Rock Cordel , Dosol entre outros, e ai resolvemos virar um banda com formação fixa. Gravamos nosso primeiro disco em  2010, em 2011 gravamos um segundo e acabamos de gravar o terceiro agora em 2013. Nesse período fizemos mais 300 shows em todas as regiões do país e fomos duas vezes para sulamérica passando por Uruguai e Argentina com vários shows. Basicamente é isso!

BF: Em Espionagem Industrial, percebemos uma melhor direção pra composições: menos experimentações, e as músicas mais concisas e diretas. Como foi o processo de composição e produção do disco, e quais diferenças vocês enxergam dessa disco pros outro trabalhos?
AF: Disco é momento. O primeiro trabalho que gravamos foi uma compilação de composições que tinha quase três anos. No Espionagem passamos um mês compondo todo dia, focados no disco e ficamos bem satisfeitos com o resultado final. Acho que o fato de termos um estúdio próprio e de poder praticamente juntar o processo de ensaios com a gravação facilita muito. Particularmente acho o disco mais diferente que gravamos esse último, o Curioso Caso da Música Invisível. Basicamente nossos discos são visões de mundo, mesmo que não tenha letras e também buscamos temas que a gente curta ouvir e dançar é um misto das duas coisas.

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BF: O Camarones é uma das bandas independentes que mais rodou pelo Brasil nos últimos anos. Traçe uma panorama de como está estruturada a música independente no Brasil. Se houve melhora ou piora e que futuro enxergam pa ela.
AF: Acho que o momento continua muito bom para quem tá no rala diário, na vivência da música; e continua com bastante dificuldade pro cara que leva a música mais no hobby, isso se dá porque os espaços não são tão vastos assim, então quem tá mais ligado e focado termina conseguindo mais coisas. O país em si está numa estagnada econômica, nem cresceu nem diminui e todos os setores da economia acompanham isso. Na cultura não é diferente. O momento é bom, mas pode melhorar, vamos ao trabalho!

BF: Existe uma cena instrumental brasileira? Como a música de vocês está conectada com as diversas bandas do gênero, e com a música (instrumental ou não) feita no Nordeste atualmente?
AF: Existe. Principalmente uma cena que se formou fora das academias de música e das escolas. No Nordeste são dezenas de exemplos que fica até dificíl citar. Só em Natal surgiram bandas instrumentais aos montes desde que começamos: Mahmed, Tesla Orquestra, Jubarte Ataca, entre outras. E estamos sempre tocando juntos, dividindo palco e contatos. Bem legal!

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BF: A maioria das bandas continuam vindo morar em São Paulo tentar a carreira, mas vocês continuam em Natal. Porque essa escolha de continuar por aí? As dificuldades e facilidades são as mesmas que o “Sul Maravilha”?
AF: Discordo, só a minoria faz isso. Acho bem mais viável para uma banda ficar em casa do que ir prum grande centro tentar se estabelecer (isso como banda). Fora de casa vc tem preocupações que não teria perto da família ou dos amigos (comer por exemplo, ehehehe).  Então sua prioridade passa a ser se sustentar em vez de se focar nas ações com música e cultura. Acho mais fácil fazer isso em casa. Sem contar que estamos a 3 horas de SP ou do Rio, não é necessário morar lá para fazer algum coisa no Sudeste. Acho que o Camarones por baixo tocou quarenta vezes nesses dois estados. Dá para se virar daqui muito bem.