Arquivo mensal: outubro 2012

Banda Metalurgia (1982) – Banda Metalurgia

Padrão

1. Multinacional
2. Amarelo
3. Impulso
4. Oi
5. AP 403
6. Barra pesada
7. Lá em Guayaquil
8. Ermelindo e Casa Nova
9. A Salsa e o cheiro verde
10. Esperando Edmundo
11. Em tempo de Baeta
12. Samba da volta ao Bernô

Em alguns momentos do que é debatido no atual momento da música brasileira, parece nunca antes ter havido música independente. Esse tabu é quebrado, dentre outras, com as produções da Vanguarda Paulistana, de Itamar (Assumpação), Arrigo (Barnabé), Língua de Trapo, etc., além do “instrumental operário” da Banda Metalurgia. Com espírito e formação de ‘Bernô City”, vulgo São Bernardo do Campo – região metropoliatana de São Paulo -, a Banda Metalurgia representou muito bem a música independente brasileira, numa época em que as grandes gravadoras estavam de olho somente nas composições do BRock.

Os tais “metalúrgicos”: Marcelo Munari (guitarra), Leão (piano), Edu (baixo), Claudinho (bateria), Lino Simão (sax e flauta), Bocato (trombone), Nonô (trompete), Faria (flugelhorn), Jacaré (saxofone) e Da Júlia (saxofone)  se destacam pela riqueza de sua música. Uma mistura potente de música brasileira, latina e jazz rock permeia o disco, trazendo referências experiemtais de Arrigo e Itamar e somando-a aos improvisos e temas livres do jazz. Esse disco, homônimo e lançado em 1982 é o único da banda, que em seu nome homenageia a capital dos metalúrgicos brasileiros.
Pra ouvir essa pepita, clique aqui!

Segue um vídeo dos caras no programa Fábrica do Som da TV Cultura. Um dos únicos e mais importantes programas da TV aberta da época, que divulgava a música independente e de vanguarda.

Morbo y Mambo (2011) – Morbo y Mambo

Padrão

1. La Espada de Cardona
2. Blanco Nigeria
3. Gorila
4. Solo TV
5. Escandar
6. Candonb
7. Fung Wah
8. Colon y Hara
9. Kerosene
10. Antena Comunitaria
11. Das Papier

O afrobeat chegou forte na América do Sul e entre outros lugares que aportou, a Argentina foi um deles. Isso fica claro na música do Morbo y Mambo, banda “rioplatense” (Mar del Plata) de música instrumental. O disco – homônimo – lançado ano passado é o segundo registro do grupo argentino, que toca junto desde 2007 e lançou em 2009, um EP denominado Handeneless.

O afrobeat á a referencia que mais se aparenta ao dar um play no álbum, mas ao longo das 11 composições, nota-se outras influências nas músicas do Morbo y MamboRock psicodélico, dub e funk também estão no disco da banda, que está pela segunda vez fazendo shows no Brasil. Desde a semana passada, estão se apresentando pelo interior de São Paulo e Rio de Janeiro. Fica a dica pra quem conseguir ver os caras ao vivo. Se liguem nas datas!
Se perder o show dá pra ouvir a música do Morbo y Mambo, clicando aqui!

Conta (2007) – M. Takara

Padrão

1. Umas
2. Espanhola triste
3. Canta
4. Eu não (para Carlos Dias)
5. Sua sobra na calçada
6. Tudo é muito bonito, mas
7. Interlúdio azul
8. Rô e Jú
9. Meu mundo numa quadra

Maurício Takara já passeou por aqui várias vezes; no Hurtmold, São Paulo Underground ou outro projeto em que colaborou ou participou; mas essa é a primeira vez que dá as caras com um dos seus discos “solo”. Sobre a alcunha de M. Takara, Conta é o terceiro disco de um dos músicos mais ativos da cena paulistana e brasileira atual. Lançado em 2007, pelo selo Desmonta, onde o próprio é parceiro de Luciano Valério nos lançamentos, pode ser entendido como um elo entre os discos anteriores ao Conta, e aos que saíram depois dele, já como M. Takara 3.

Os primeiros discos de M. Takara – de 2003 e 2005, são menos experimentais e mais eletrônicos, criando um ambiente próximo ao lounge. Já os trabalhos mais recentes, continuam explorando os beats e efeitos sintetizados, mas somando com mais organicidade às músicas, utilizando mais percussões e bateria. Conta parece unir os trabalhos do início e os de agora, pois nele, conversam a música digital mais branda, com as experimentações e organicidade que dão o tom de Ocupado como gado com nada pra fazer de 2008 e Sobre toda e qualquer coisa, de 2010.
Pra ouvi-lo, clique aqui!

Introdução à Cortina do Sotão (2011) – ruído/mm

Padrão

1. Ciclotimia
2. Zarabatana
3. Petit_pavé
4. Valsa dos Desertores
5. Esquimó
6. O Predisgitador

Com quase 10 anos de estrada, os curitibanos do ruído/mm lançaram ano passado o quarto registro – e segundo álbum cheio – Introdução à Cortina do Sotão. Confesso que começei a ouvir os discos do ruído há pouco tempo, e começei de “trás para frente”. Em todas as resenhas que li sobre o álbum, o amadurecimento da banda é notado e enaltecido pelos críticos e blogueiros . À primeira audição, percebi se tratar de uma banda que está atingido o amadurecimento; mesmo já sabendo que tinham alguns anos de estrada, dá pra notar como as influências e referências que fazem parte das composições, estão bem diluídas e postas na medida certa.

É um disco de post rock genuíno, mas que fica muito bem “camuflado” pelas valsas, que ora parecem canções trovadorescas. A calma e suavidade das canções, que na música Ciclotomia – que abre o disco – e parece ter teclados tocados por Guilherme Arantes (por favor, não entendam Guilherme Arantes somente como brega e sem valor asrtístico) é tomada de assalto pelo tal ruído das experimentações da banda. Pra ser experimental é saber preciso também saber dosar as loucuras, coisa que André Ramiro: guitarra; Giovani Farina: bateria; Rafael Panke: baixo; Ricardo Pill: guitarra e Sergio Liblik: piano e escaleta, executam com maestria.

O disco foi lançado virtualmente pelo selo Sinewave e está disponível pra download no site do selo.
Pra ouvi-lo, clique aqui!

Groove Andina (2012) – Rumbotumba

Padrão

1. Huguaju
2. El pibe condor
3. Chuflay
4. Embrujo
5. No more

Rumbotumba, é o projeto solo de Facundo Salgado, músico argentino que toca em outras bandas instrumentais do país, como Falsos Conejos e Cocolizo. Diferentemente dos outros projetos que participa, que possuem influência maior do rock, no Rumbotumba, “Facu” trabalha a música tradicional latino americana, misturada com batidas eletrônicas e samples. O projeto existe desde 2011, e nesse ano foi lançado o EP Groove Andina , com shows na Argentina e uma turnê no meio do ano pelo Brasil.

A mistura da música latino americana com sintetizadores e batidas eletrônicas, é construída e executada ao vivo a partir de loops dos instrumentos, como baixo e a tradicional charanga – instrumento típico dos Andes -, criando uma atmosfera etérea nas composições e apresentações. É um belo trabalho de pesquisa musical e construção de arranjos e temas feito por “Facu”, que ficou entre os melhores trabalhos de loop da Argentina, num concurso realizado pela empresa Boss.

O disco acaba de ser lançado e está disponivel pra download no próprio site do projeto. Em dezembro, o Rumbotumba retorna para o Brasil para mais uma série de shows.
Pra ouvir o Groove Andina, clique aqui!

Geração do Som (1978) – Pepeu Gomes

Padrão

1. Saudação Nagô
2. Fissura
3. Linda Cross
4. Belo Horizonte
5. Odette
6. Toninho Cerezo
7. Malacaxeta
8. Alto da Silveira
9. Didilhando
10. Tambaú
11. Buchinha
12. Flamenguista

Geração do Som, de Pepeu Gomes é considerado um dos primeiros discos de instrumentais do rock brasileiro. O ano é 1978 e Pepeu tinha acabado de sair dos Novos Baianos, onde já vinha experimentando e misturando ritmos que estão nesse seu primeiro álbum solo. O disco é prova do virtuosismo e liberdade do guitarrista, já que foi nele que suas ideias se soltaram, dando outra sonoridade à suas composições.

Uma grande aula de um dos maiores guitarristas brasileiro. Aulas do próprio instrumeto e da síntese explosiva da música brasileira, representada por ritmos como frevo, maracatu, baião, choro e samba com rock progressivo, jazz fusion e música pop. Esse disco se tornaria um grande marco da música brasileira, além de ajudar Pepeu a se tornar um grande ícone do BRock dos anos 80. No final da mesma década, Pepeu voltaria a fazer um disco instrumental denominado “Instrumental On the Road”, mas que já não possuia toda criatividade e sonoridade novíssima do “Geração do Som”. É pedrada e das grandes!
Pra ouvir, clique aqui!

EP_(2004) – Russian Circles

Padrão

1. Carpe
2. Death Rides a Horse
3. You Already Did
4. New Macabre

Deixando a música instrumental brasileira descansar um pouco, hoje é a vez do Russian Circles, banda estadunidense de math rock, que teve seu primeiro registro nesse EP lançado em 2004 e produzido de maneira totalmente independente. São apenas 4 músicas, mas com muito a dizer: belos diálogos entre as guitarras, tanto nas partes mais “suaves”, como nas mais pesadas.

Nesses momentos  pesados, a abstração e nuâncias do math rock ficam evidentes com os loops das guitarras e os tempos quebrados de toda soma feita pelo Russian Circles.
Mesmo sendo o primero lançamento, a banda que já tem quase 10 anos de história, deixa claro a qualidade da música que começariam a apresentar a partir de então.
Pra ouvir o EP, clique aqui!

Cozido (2002) – Hurtmold

Padrão

1. Kampala
2. Fontaka
3. Bulawayo
4. Desisto
5. Credenciais
6. Myke Tison
7. Dois pés e ingrato
8. Filas longas, taxas altas
9. Chepa
10, Mais uma vez, desanimou
11. Ciesta

O Hurtmold é uma das bandas mais importantes da música instrumental recente feita no Brasil. Os paulistanos tem 15 anos de história e já lançaram 4 discos cheios, além de um split com os estadunidenses do The Eternals. Cozido, é o segundo disco de estúdio e considerado por muitos o melhor da discografia dos caras, já que é nele que a banda mostra o caminho que sua música seguirá nos trabaçhos seguintes. O primeiro, chamado de EtCetera, de 2000, traz as composições mais influenciadas pelo post rock e hardcore; já Cozido, tem esses ritmos como base, mas os diálogos com outros ritmos mais experimentais, como o jazz e a música eletrönica, sobressaem nas composições.

O disco conta com três músicas que possuem letra: Desisto, Dois pés e ingrato e Mais uma vez, desanimou. Essa característica de possuir músicas com letras, sempre acompanhou o Hurtmold – apenas o último registro lançado em 2007,  tem apenas composições sem letra. O Hurtmold é formado por Guilherme Granado – teclado, vibrafone e  melódica; Maurício Takara – bateria, vibrafone, trompete; Marcos Gerez – baixo; Mário Cappi – guitarra; Fernando Cappi – guitarra e Rogério Martins – percussão e clarinete. Desde 2007 sem lançar nada inédito – porém com os integrantes participando de inúmeros projetos – prometem que até o fim desse ano, lançarão material novo. É fica esperto e deliciar-se.
Pra ouvir o Cozido, clique aqui!