1. Bailando com a Senorita B
2. Distância Dodecafônica
3. Distância Pseudomelódica
4. Prelúdio de uma Festa
5. Surpresa e Reconhecimento
6. Sintomas de uma Festa
7. No lado dos Teus Olhos
8. Despedida
Dharma Samu, é um dos diversos projetos que o produtor e músico paulistano Alex Cruz, tecladista e saxofonista de outros bons projetos como Mama Gumbo e Lejonti Trio. O Dharma Samu foi criado inicialmente como fazendo releituras instrumentais de músicas do Led Zeppelin. Com esse conceito, foi lançado em 2010 o disco Zepelinianas-Volume 1. Posteriormente, o projeto passou por uma reformulação, começou a investir em composições próprias,e é nesse contexto que nasce o disco Bailando com a Senorita B.
Originalmente uma trilha sonora de um espetáculo de ballet que não existiu, a ideia persistiu e resultou nesse belo trabalho. Alex Cruz, compôs e tocou praticamente todos os instrumentos, contando com a participação somente do bateirista Clayton Martim – amigo de longa data de Alex e também do percussionista Márcio Bononi, que divide outros projetos como o Mama Gumbo, com Alex Cruz.
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Fizemos uma entrevista com Alex, contado um pouco de suas impressões sobre o disco e como foi o prcesso de composição e gravação de Bailando com Senorita B.
Boca Fechada: O disco é uma trilha de um espetáculo de dança.? Como foi o convite pra esse trabalho?
Alex Cruz: O disco é uma trilha para um espetáculo de ballet moderno que nunca aconteceu. Eu gosto muito de dança e tinha um contato muito grande com os alunos de dança da faculdade Anhembi Morumbi, já fizemos até algumas apresentações juntos com o Mama Gumbo (nesse vídeo e na continuação dele vc pode ver um show que fizemos com o pessoal – http://www.youtube.com/watch?v=4t6i5HQcqvk). Sempre tivemos a ideia de unirmos todas nossas idéias num espetáculo de dança que tivesse música ao vivo, mas uma música diferente dessa música insossa que geralmente tem nos espetáculos de dança, o lance era fazer algo bem próprio, independente, com uma música vibrante, de uma maneira visceral, quebrando com todas as regras dos espetáculos de dança, fazer uma espécie de dança independente (como uma banda independente), mostrando uma maneira nova de criar algo, sem essas regras e esquemas das companhias de dança. Chegamos a começar os trabalhos, mas era o último ano da galera, com tcc pra fazer e essas coisas e não conseguimos levar adiante. Como eu já tinha começado as gravações com algumas idéias resolvi continuar e não perder o material.
BF: Considerei o disco bem particular. Não digo conceitual, mas ele possui um elo muito grande e uma linguagem particular do início ao fim. Isso tem relação com o roteiro da peça? Dá pra contar um pouco sobre ele?
AC: Ele é um disco conceitual e realmente tem uma ligação, tanto na concepção como na maneira como as músicas foram estruturadas. A idéia é falar sobre a vida, sobre o estranhamento, sobre o embate, sobre a luta e sobre os momentos de conciliação que temos com o viver. A señorita b é a imagem da vida personificada numa caliente garota latina, e vivemos como se estivéssemos bailando, dançando com a vida, em momentos existe uma sincronia e em outros um distanciamento, um atonalismo, uma sensação discrepante, dissonante. É uma idéia simples mais que abre milhões de possibilidades e interpretações, a idéia é sempre deixar a parada mais aberta para as pessoas que estão ouvindo poderem ter suas próprias conclusões, somando com as idéias já expostas na música.
3. Como foi o processo de composição da trilha? E essa história de gravar quase todos os instrumentos?
Eu compus todo o trabalho e gravei as bases em dois dias de frenesi rsrsrsrs. É claro que alguns trechos eram pedaços de idéias soltos que eu já tinha experimentado, ou pensado, mas a maior parte foi composta nesses dois dias, onde eu também estruturei as idéias e o caminho a ser seguido. Depois disso eu quase abandonei o trabalho, pois estava trabalhando no disco do mama, que deu um trabalhão para ser feito, então quando eu me cansava do mama eu ia pro bailando e dava uma desestressada rsrsrsrs. Com as bases prontas fui até o estúdio do meu brother Clayton Martin (baterista do Cidadão Instigado) e colocamos as bateras. Ele me ajudou bastante a arrumar alguns trechos e trouxe idéias valiosas, além de um puta som de batera. Depois fui lapidando sozinho e com calma, nas folgas do mama, gravando tudo e testando muitas possibilidades… foi um disco que demorou pra ser feito, que foi muito testado e muito trabalhado. Esse tempo que levou e a calma com que foi feito foram importantes pro resultado final. Acabei tocando quase tudo por que a maioria dos meus amigos estava ocupada ou não se interessou muito pelo projeto rsrsrsrsrs. Mas isso foi bom pois pude fazer da maneira que queria e ter a calma pra fazer, foi uma experiência importante.
4. Em que outros trabalhos seus, você considera que existe uma proximidade com o Bailando com a Senorita B?
O bailando é um disco diferente, tanto por ser uma trilha sonora como pela maneira com que foi gravado, comigo tocando todos os intrumentos e lapidando lentamente os sons. Mas a maneira de compor, a estrutura mesmo da coisa, é um processo que venho desenvolvendo há bastante tempo, então dá pra perceber um estilo característico que vem desde os discos do flaming salt e que agora se consolidou, uma maneira bem própria de compor e organizar a música. Vc pode perceber uma linha que segue todos os discos do mama e até o primeiro do dharma (que continha somente músicas do led Zeppelin em versões instrumentais). Em todos esses trabalhos existe uma maneira específica de compor, em todos há uma ligação. Estamos fazendo esse trabalho ao vivo, com uma formação bem estranha – baixo, batera, sax e flauta, mudamos bastante os arranjos mais dá pra sacar essa característica comum em todos os meus trabalhos, hoje em dia as minhas idéias são bem mais claras e consegui chegar bem mais próximo daquilo que quero, mais ainda tenho muita coisa pra fazer, pra descobrir, enfim tem ainda muita maluquice pra acontecer…